Produtores de suínos reduzem em 80% despesas com energia
Produtores de suínos da Zona da Mata reduzem em até 80% as despesas com energia elétrica com a utilização de biodigestores, processo que transforma dejetos de suínos em energia para as granjas, além de fertilizantes naturais para o pasto. Para orientar os produtores sobre a melhor utilização do biodigestor, o Sebrae Minas, por meio do Programa Sebraetec, fará um diagnóstico para identificar a forma mais eficiente de geração de energia. Dar destino correto a fezes e urina dos porcos sempre foi um problema para os criadores. Sem o manejo adequado, os dejetos atraem moscas, que podem transmitir doenças para rebanhos e seres humanos. Além disso, o esterco ao ar livre produz gases como dióxido de carbono e, principalmente, o metano, que são tóxicos. Há alguns anos, os dejetos dos porcos eram lançados em várias lagoas de decantação e a água menos densa era despejada nos rios da região. Em 2000, uma empresa canadense estimulou os produtores a implantarem em suas granjas o biodigestor, uma espécie de lagoa lacrada com lona de PVC, que armazenava a parte líquida gerada pelos tanques de decantação. Pela ação de bactérias anaeróbias, a matéria orgânica, armazenada no biodigestor é decomposta e transformada em biogás. Porém, naquela época, o biogás, constituído pelo gás carbônico e metano, era apenas queimado. Com a tecnologia, a queima do gás se tornou uma nova alternativa de geração de energia. "Com a ajuda de um gerador a queima do gás se transforma em energia, usada para abastecer as granjas", explica o produtor Frederico Soares. Criador de 750 matrizes e cerca de 10 mil animais, desde 2012, Frederico utiliza a energia do biodigestor na granja e já conseguiu uma economia na conta de luz de 80%. "Além de tirar os dejetos do meio ambiente, conseguimos reduzir os custos em energia", afirma o produtor. Dos 110 produtores da região, cerca de 40% já possuem o biodigestor, sendo que a maioria utiliza a energia elétrica nas granjas. Porém, o biogás pode ser usado para a produção de energia elétrica, e de outras energias, como por exemplo, a cogeração (energia elétrica e térmica), e a trigeração de energia (elétrica, térmica e resfriamento). "O biogás produzido pode ser usado como combustível em residências rurais próximas ao local de produção, no aquecimento de instalações para animais muito sensíveis ao frio ou no aquecimento de estufas de produção vegetal. Além da geração de energia elétrica, por meio de geradores acoplados a motores de explosão adaptados ao consumo de gás", explica o analista da Unidade de Agronegócios do Sebrae Minas, Fernando Ataíde. Para avaliar qual o melhor modelo de geração de energia para cada granja, o Sebrae Minas promove em parceria com cinco produtores das cidades de Lima Duarte, Piedade, Cabo Verde, Juiz de Fora e Barbacena, o projeto Sebraetec. Até o final do ano, a iniciativa irá diagnosticar a necessidade de energia e a forma de produção de cada propriedade rural. "Consultores especializados no assunto irão identificar qual a melhor maneira de usar o biodigestor de acordo com as necessidades de cada granja", conta o analista do Sebrae Minas da Regional Zona da Mata, Marcus Mol. Na granja do produtor José Ricardo Brandão Martins e do seu filho Bernardo Martins, a economia com a energia chegou a R$ 7 mil, 60% a menos que gastava antes do biodigestor. "Com esse diagnóstico saberemos se estamos no caminho certo ou se podemos aproveitar melhor o biogás. Queremos melhorar cada vez mais nossos processos, poluindo menos e empregando a energia gerada de forma sustentável", diz José Ricardo. Além da economia da energia gerada com o biogás, o líquido contido no biodigestor é usado na fertirrigação, um adubo orgânico que irriga o pasto e fertiliza a terra. "Com isso economizamos água e fertilizantes, proporcionando uma melhor alimentação para o gado, além disso, não poluímos o ribeirão que passa dentro da fazenda", conta Bernardo Martins. Fonte: DCI
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