O ano será difícil para a suinocultura brasileira
Que 2016 seria novamente um ano de desafios para todos os brasileiros não havia muita dúvida quando os fogos anunciaram a chegada do novo ano, no entanto, para alguns setores do agronegócio e para a suinocultura em particular, ainda havia a esperança de um início de ano tranquilo já que as cotações do suíno vivo terminaram 2015 com preços razoáveis e deixando boa margem para atividade. Mas, janeiro ainda nem terminou e as esperanças foram atropeladas pela alta do preço do milho que já subiu quase 20% em 2016 e mais de 50% em relação a janeiro do ano passado, e pela queda do preço do porco, que saiu de R$ 4,40 no final de dezembro para R$ 3,80 nesta semana em Minas Gerais e de R$ 4,16 para R$ 3,47 na bolsa de referência do estado de São Paulo. As quedas na cotação do suíno vivo em todas as praças do país já eram esperadas, talvez não com tanta intensidade, mas o que assustou mesmo foi a disparada no preço do milho que impôs uma brutal queda na relação de troca do produtor de suínos. A média de preço do suíno vivo em janeiro do ano passado no mercado de São Paulo foi de R$ 4,62 o quilo vivo, enquanto a saca de milho era negociada a R$ 25,00. Dessa forma, com a venda de um quilo de suíno comprava-se 11,26 quilos de milho. Hoje (27/01), com o preço do animal em R$ 3,47 e o milho a R$ 38,00, o mesmo quilo de suíno compra apenas 5,5 kg de milho. Uma perda de mais de 50% no poder de compra do suinocultor em relação ao principal insumo da atividade. Nesta semana o preço do cereal teve uma leve queda em função da variação cambial e talvez do efeito psicológico do anúncio do leilão da Conab quer vai acontecer na próxima segunda-feira (01/02). Entretanto a previsão é de preço elevado do grão durante todo o ano motivado pela competitividade do milho brasileiro no mercado internacional em razão do câmbio. De acordo com as previsões divulgadas pelo Banco Central o dólar deve terminar o ano com valendo R$ 4,30, um forte estímulo às exportações. No mercado futuro, os contratos de milho com vencimento em maio de 2016 foram negociados a R$ 38,15 a saca de 60 quilos na BM&FBovespa nesta quarta-feira (27/01). Logicamente o forte estímulo de preço já reflete nas intenções de plantio da safrinha, que segundo alguns analistas pode ter um aumento de 10% na área plantada neste ano, mesmo que semeados fora da janela ideal de plantio devido ao atraso da soja. Outro fator de aumento da instabilidade do mercado em 2016 será a maior oferta de animais para o abate em razão dos novos investimentos e do aumento da produtividade estimulado pelo incremento de tecnologia. Foram mais de 30 meses de preços favoráveis ao suinocultor, que em sua maioria investiu em tecnologias como a reposição das matrizes e a melhoria da nutrição, fortes ingredientes para o aumento da produtividade. Também neste período surgiram novas granjas que com sistemas mais modernos de produção colocarão no mercado mais animais a um preço mais barato que as granjas antigas e menos eficientes. Estas ficarão mais propensas ao risco de mercado e, até mesmo, a deixarem a atividade. Um fator favorável à suinocultura e que deve ser explorado ao máximo pelos agentes da cadeia de produção é o aumento da competitividade de mercado carne suína frente a carne vermelha. A alta do preço da carne bovina é efeito da queda do abate interno, menor oferta de gado do Centro-Oeste, maiores custos e inflação ao consumidor. Para 2016 a estratégia da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) é buscar novos mercados, nos quais o Brasil ainda não tem acesso, como México e países da Ásia, a exemplo de Taiwan, Indonésia e Tailândia. As negociações para a exportação de carne in naturapara o Japão e miúdos e carne com osso para a China também serão aceleradas neste ano. Sim, o ano será de enormes desafios para nós brasileiros, incluídos aí os produtores de suínos com seus desafios particulares. Mas também será o momento de crescimento da atividade em razão do aumento da produção e da participação da carne suína na mesa dos brasileiros. Cabe ao setor trabalhar com Inteligência e estratégia para atravessar esse momento com o mínimo possível de perdas de modo a garantir o crescimento sustentável da suinocultura brasileira. Fonte: PorkWorld
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