"Mercado indica que adoção do sistema de baias coletivas é um caminho sem volta na suinocultura", diz secretário do Mapa
Capitaneado pelo Mapa, o workshop "Boas Práticas de Bem-estar Animal em Sistemas Sustentáveis na Produção de Suínos" quer colocar o assunto definitivamente na pauta dos suinocultores brasileiros. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a World Animal Protection e o Centro de Estudos Comparativos em Saúde e Bem-Estar Animal da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) realizam entre os dias 24 e 26 de novembro, em Brasília (DF), o Workshop "Boas Práticas de Bem-estar Animal em Sistemas Sustentáveis na Produção de Suínos". Tendo o bem-estar animal como pano de fundo, o workshop vai promover uma ampla discussão acerca da adoção do modelo de gestação coletiva no Brasil. O tema é atual e extremamente importante para suinocultura brasileira. Embora o uso de gaiolas de na etapa de gestão tenha sido banido na União Europeia desde 2013, o Brasil ainda não tem uma posição clara sobre o assunto. Se não construí-la rapidamente corre risco de perder espaço no mercado internacional de carne suína. "O mercado aponta que este [a adoção do sistema de baias coletivas] é um caminho sem volta para quem quiser se manter competitivo no comércio internacional", afirma Caio Tibério Dornelles da Rocha, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). "Não apenas a Europa baniu as gaiolas, mas outros países como o Canadá e alguns estados norte-americanos também já decretaram prazo para o fim delas e precisamos iniciar esta conversa, sempre respaldados no conhecimento científico disponível", completa. De acordo com Rocha, o workshop será uma oportunidade ímpar para que o setor suinícola construa uma orientação sobre o tema. Em sua opinião, como grande player do mercado suinícola mundial, o Brasil tem que trabalhar essa questão de maneira proativa. "Não queremos que nosso setor produtivo seja "pego de surpresa", pois observamos que grandes empresas já estão buscando adequações", comenta Rocha. De acordo com ele, a intensão do Mapa é estabelecer uma forte parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) para divulgar entre os produtores, de forma mais efetiva, as boas práticas na suinocultura junto aos produtores. "Envolvendo, obviamente, não só bem-estar animal, mas também a segurança dos produtos, como sanidade e controle de resíduos", explica Rocha. Abaixo você confere os melhores trechos da entrevista concedida por Caio Rocha com exclusividade ao site da Suinocultura Industrial. Suinocultura Industrial - O uso de gaiolas na etapa de gestação foi banido na União Europeia, que geralmente dita tendências na área suinícola. O Brasil, grande player, ainda não tem posição clara sobre o assunto. O evento tem a intensão de corrigir isso? Caio Rocha - Sim, é competência da Comissão de Bem-estar Animal do Ministério da Agricultura fomentar as boas práticas em bem-estar animal e a articulação entre os atores do setor suinícola envolvidos no assunto. Acredito que o workshop será um grande momento para a suinocultura nacional. SI - A adoção do modelo de gestação coletiva ainda não foi adequadamente discutida entre os suinocultores brasileiros. O assunto, de certa forma, ainda é uma espécie de tabu entre os produtores locais. Essa será uma oportunidade para iniciar esse debate? Rocha - Sem dúvida. O objetivo do workshop é justamente promover a troca de experiências e de informações a respeito do bem-estar animal na suinocultura, aproximando experts nacionais e internacionais do setor produtivo. Esperamos contar durante o evento com a presença forte dos Conselhos Regionais de Suinocultores, assim como com o apoio da ABCS para iniciar esta discussão tão importante. O mercado aponta que este [adoção do sistema de baias coletivas] é um caminho sem volta para quem quiser se manter competitivo no comércio internacional. Não apenas a Europa baniu as gaiolas, mas outros países como o Canadá e alguns estados norte-americanos também já decretaram prazo para o fim delas e precisamos iniciar esta conversa, sempre respaldados no conhecimento científico disponível. SI - O Brasil está preparado para se posicionar a respeito da gestação coletiva na suinocultura? Rocha - Este é o papel das organizações públicas; preparar o Brasil para exigências futuras. Estamos agindo com pró-atividade, buscando o diálogo e oferecendo opções. Não queremos que nosso setor produtivo seja "pego de surpresa", pois observamos que grandes empresas já estão buscando adequações. Existe a expectativa de uma grande parceria com a ABCS, para que possamos divulgar de forma mais efetiva as boas praticas na suinocultura junto aos produtores, envolvendo obviamente o bem-estar animal, mas também a segurança dos produtos, como sanidade e controle de resíduos. SI - O assunto é realmente muito importante para a suinocultura brasileira. Como surgiu a ideia de promover o evento? Rocha - A ideia de promover o evento surgiu frente aos resultados de pesquisas e experimentações, que demonstram que esta pode ser uma opção viável ao setor suinícola brasileiro. Já existem, inclusive, no Brasil granjas que já adotam o modelo de baias coletivas e que vem registrando bons resultados. Fonte: Suinocultura Industrial
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