Workshop Suíno Paulista debate Produção, Sanidade e Resistência
A Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) promoveu nesta segunda-feira, em Campinas (SP), a última edição do Workshop Suíno Paulista, a série de encontros técnicos e de mercado para a atualização de produtores e profissionais de empresas do segmento. O evento integrou o calendário de comemorações dos cinquenta anos da entidade em 2017. A primeira apresentação coube a duas profissionais da Salus - Grupo Avril. Aurélie Manceau, Engenheira em Nutracêuticos para uso veterinário - Saúde Animal (Universidade de Rennes - França), Mestre em Alimentação e atual Gerente de Aditivo na MiXscience França e Brasil. E Débora Barbosa Braz, Zootecnista e Nutricionista da Salus desde 2008. Débora falou sobre o panorama de aumento no consumo e na produção de carne suína no Brasil e como esta realidade pressupõe intensificação, concentração e melhor desempenho. "Por outro lado, o mercado quer produtos cada vez mais saudáveis e sustentáveis. A questão da resistência em animais e humanos e a proibição do uso de antibióticos como promotores de crescimento é uma onda no mundo inteiro, desde 1998, com banimento e restrições de inúmeras moléculas", explicou. Ela ainda tratou do Plano de Ação Nacional para lutar contra a resistência aos antimicrobianos e enfatizou a importância de ações serem concretizadas por várias áreas. Para isto, detalhou os principais pontos da Gestão Sanitária Sustentável, tecnologia de produtos e serviços oferecida pela Salus e todas as empresas do Grupo Avril. "É um conceito para atuarmos junto com os suinocultores dentro deste novo horizonte. Alimentação dedicada a preocupações específicas, de olho em desempenho, segurança e economia", pontuou Débora. Já Aurélie Manceau traçou uma radiografia da história dos antibióticos e a produção de proteína animal na Europa desde o fim da Segunda Grande Guerra e reforçou a preocupação que envolve o tema hoje. "Em 2050, a resistência pode causar a morte de um ser humano a cada três segundos e vai ser a principal causa de saúde pública no mundo", alertou antes de mostrar estudos que comprovam a redução da mortalidade e o aumento no ganho de peso diário em leitões ao desmame nas granjas depois da proibição do uso de antibióticos como promotores de crescimento. "A climatização de granjas de suínos, como já ocorre frequentemente na Avicultura, é outra ação que vai ajudar no complexo processo de diminuição no uso de antibióticos na cadeia produtiva animal", assinalou Godofredo Miltenburg, Conselheiro na área de nutrição da APCS e do Consórcio Suíno Paulista (CSP). A segunda palestra foi do Coordenador Técnico da Desvet, Shester Barroso de Carvalho, que falou sobre o uso responsável dos antimicrobianos na produção de suínos. "É necessário uma medida. Ação compartilhada, Educação. Da ponta, do empresário fabricante de remédios, até o colaborador que trabalha com o suíno dentro da granja. Precisamos ir tomando as medidas necessárias para estarmos preparados e ir se adequando à legislação sobre medicamentos em ração de animais de produção (IN-14), mesmo sua validade tendo sido transferida para junho de 2019", aconselhou Shester. Ele ainda bateu no ponto de que é vital usar inteligentemente os terapêuticos, cuidar de doses, das formas de administração, das características dos planteis a serem medicados, da ambiência das granjas e da qualidade das instalações da propriedade. "Outros pontos fundamentais são pensar em miligramas por quilo e não em Partes Por Milhão (PPM). A combinação de diferentes produtos assim como em relação a aditivos usados na ração. E atentem que falo de muitos procedimentos, mas a maioria deles não passa de fazer o feijão-com-arroz. No fundo, tudo se resume a equação produção animal mais microbiota é igual a busca do equilíbrio ideal", sustentou Shester Barroso. A APCS está capitaneando a formação de um comitê para acompanhar a questão da IN-14. "Estamos aguardando a indicação de representantes de várias associações, de São Paulo e do Brasil. O mundo está de olho no nosso país e precisamos nos resguardar, profissionalizando cada vez mais a cadeia produtiva", analisou o presidente da APCS, Valdomiro Ferreira Junior. Ele adiantou que o comitê vai ter vinte integrantes, sendo metade indicada por associações como Sindirações e Abraves-SP, por exemplo, além de profissionais indicados pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. "O objetivo é analisar a fundo a nova legislação e propor melhorias, dar sugestões, enquanto é possível. Não podemos nos surpreender sem termos feito nada", alertou Ferreira Junior. Thomas Bierhals, Médico Veterinário, Mestre em Ciências Animais e Gerente Técnico da DB Genética Suína abriu as atividades da tarde, abordando como as granjas de alta produtividade têm trabalhado o tema da qualidade dos leitões desmamados. Ele explicou o que é o conceito adotado pela DB de Leitão Vivo ao Quinto Dia e algumas estratégias para alcançar excelência de forma abrangente. "Percebemos e medimos a real importância de cada dia adicional ao desmame do leitão. Então, começamos a fazer esta seleção nas matrizes das granjas-núcleo. Para melhorarmos o índice de quilos de desmamados por fêmea ao ano", contou Thomas. E para alcançar este número, foi realizado um estudo em 78 granjas. Dentre os principais parâmetros, Thomas Bierhals selecionou manejo de colostro, qualidade de aparelho mamário, alimentação e ambiência das matrizes e o manejo de mães de leite. A última apresentação coube ao Médico Veterinário espanhol Andrés Ortiz Garcia-Vao, que explicou como funciona e a importância da cadeia produtiva na Espanha, além das dificuldades encontradas durante o processo de retirada dos antibióticos como promotores de crescimento na produção animal europeia. Fonte: Pork World
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